Amazônia será o grande destaque da 76ª reunião da SBPC

“Se nós queremos evitar o aquecimento global, na dimensão assustadora que está se sinalizando, nós devemos olhar com muito carinho para a Amazônia”, afirma Renato Janine Ribeiro

 

As pesquisas dos últimos anos mostram o trabalho intenso dos indígenas realizado para preservar a Amazônia e planejar a floresta – Foto: Neil Palmer (CIAT)/Wikimedia Commons /CC BY-SA 2.0

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Universidade Federal do Pará (UFPA) realizam a 76ª Reunião Anual da SBPC com o tema Ciência para um Futuro Sustentável e Inclusivo, de 7 a 13 de julho. A reunião, que contará com diversas atividades presenciais e virtuais — através do site portal.sbpcnet.org.br —, é aberta ao público, gratuita e visa a discutir a importância da ciência para a solução de problemas da sociedade.

Renato Janine Ribeiro – Foto: Valter Campanato/Agência Brasil via Wikipedia

De acordo com Renato Janine Ribeiro, professor titular da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da Universidade de São Paulo, presidente da SBPC e colunista da Rádio USP, a reunião deste ano tem como tema a Amazônia. “Para nós, é muito importante sinalizar o caráter decisivo que tem a Amazônia para o mundo, em especial destacar a contribuição dos povos da floresta para a preservação da mesma. As pesquisas dos últimos anos mostram o trabalho intenso dos indígenas realizado para preservar a Amazônia e planejar a floresta. Se nós temos uma riqueza enorme de produtos que podem melhorar a saúde, com novos medicamentos e produtos para cuidar do corpo, nós devemos isso muito aos povos que lá existem”, comenta.

Além disso, o docente explica que uma das questões principais será a dos créditos de carbono, já que o Brasil, assim como outros países que têm grandes florestas, possui uma biodiversidade muito vasta, que ajuda o equilíbrio do planeta com o sequestro de carbono produzido especialmente pelos países mais ricos historicamente. Ele complementa: “Se nós queremos evitar o aquecimento global, na dimensão assustadora que está se sinalizando, nós devemos olhar com muito carinho para a Amazônia”.

SBPC

Criada em 1948, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência faz reuniões anuais desde o ano seguinte, levando a informação de cientistas de diversas áreas para conversas entre si e com o público leigo. Ribeiro explica que as reuniões da SBPC, que possibilitam o acesso à ciência, é muito importante para esse público — muitas vezes composto de jovens estudantes —, já que pode representar uma mudança em suas vidas.

Conforme o professor, existe uma ideia importante de que a ciência também está vinculada à democracia. “Não por acaso, a ditadura militar quis impedir a realização de uma reunião anual, e não por acaso o governo anterior ao atual negou a ciência, até mesmo gerando o número de mortes muito maior do que a proporção que houve no mundo devido à covid”, acrescenta. Ele ainda diz que a ciência está relacionada ao bem-estar e qualidade de vida das pessoas, relacionando-se com tudo nos dias atuais.

Apesar das críticas ao governo passado, Ribeiro afirma que o diálogo com o governo atual é bom. “Foi recomposto o orçamento do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que é o principal orçamento para demandas e grandes recursos para a ciência, e que metade, atualmente, é destinada às universidades para fazer pesquisas bem avaliadas, exigindo uma prestação de contas criteriosa e exigente, e a outra metade desse orçamento está indo para empréstimos a empresas, com a condição de que essas pesquisas melhorem a ciência e o conhecimento e recorram também a cientistas. Então, nós temos um fator muito importante no desenvolvimento econômico e social do Brasil”, finaliza.


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